Ponte Jugais: 100 anos a produzir energia no coração da Serra da Estrela
Foi um dos primeiros aproveitamentos hidroelétricos do país, passou por várias remodelações e resistiu a um incêndio: ao fim de 100 anos, a pequena central de Ponte Jugais, gerida pela EDP, continua ativa e a produzir energia dentro do engenhoso sistema de cascata da Serra da Estrela.
Uma das mais antigas centrais de produção de energia em Portugal completou 100 anos de atividade: inaugurada em novembro de 1923, no coração da Serra da Estrela, a central hídrica de Ponte Jugais, gerida pela EDP, é ainda hoje um marco histórico no importante sistema de barragens em cascata que marca aquele território.
Localizada na zona onde o rio Alva e a ribeira da Caniça se encontram, Ponte Jugais é uma das cinco centrais hídricas que compõem essa cascata, num projeto de engenharia único que tem garantido uma utilização sustentável dos recursos hídricos na região. Desse grupo – que tem o nome de ‘Sistema Produtor do Maciço da Serra da Estrela’ – fazem ainda parte as centrais de Lagoa Comprida, Sabugueiro I, Sabugueiro II, Desterro e Vila Cova.
Ao longo dos últimos 100 anos, a central – que levou quatro anos a ser construída – passou por várias fases e episódios. Quando entrou em operação, em 1923, era então o maior empreendimento hidroelétrico do país, composto inicialmente por três grupos geradores (um com 3,3 MW, outro com 1,75 MW e um terceiro com 0,77 MW). Em 1951, a sua potência foi reforçada com um novo grupo com 8 MW.
Um incêndio em 1993, porém, deixou os grupos de menor potência indisponíveis e mudou a sua operação nos anos seguintes. Nos trabalhos de remodelação da central, manteve-se o grupo de maior potência (8 MW) e instalou-se um novo com 13 MW. Hoje, a central de Ponte Jugais continua a produzir e a injetar energia na rede elétrica (é responsável, em média, por 24% da produção anual da cascata da Serra da Estrela), conseguindo abastecer cerca de 50 mil habitantes, o dobro da população da Seia, a cidade mais próxima.
Uma cascata de energia
O engenhoso sistema de cascata de centrais hídricas da Serra da Estrela – de que Ponte Jugais faz parte – foi desenvolvido ao longo de seis décadas. O objetivo do projeto era aproveitar os sinuosos cursos de água da serra que percorrem altitudes entre 400 e 1600 metros e que passaram a ter os seus caudais regulados no verão com as águas da barragem da Lagoa Comprida, entre outras.
O ano de 1907 marcou o arranque deste sistema, com a construção da central da Senhora do Desterro. Seguiu-se a Ponte de Jugais, depois Vila Cova em 1937 e, mais tarde, a do Sabugueiro, empreendimentos que representaram um importante papel no desenvolvimento da eletrificação regional. Um projeto que envolveu múltiplos desafios durante a sua construção: a altitude e clima agreste das montanhas, o transporte de materiais e equipamentos de grande porte por vias de difícil acesso e a própria engenharia que envolveu todo o sistema de barragens e açudes.
Localizada numa zona protegida, dentro dos limites do Parque Natural da Serra da Estrela, a central hídrica da Ponte Jugais funciona assim de forma harmoniosa com as restantes centrais do sistema. A central é constituída pelos açudes de Ponte Jugais e Caniça cujos caudais afluentes convergem, através de canais de adução, para a câmara de carga e, posteriormente, através de condutas forçadas, para a central. Os caudais turbinados no aproveitamento, são depois restituídos diretamente ao Rio Alva, fluindo em direção ao açude de Vila Cova.
Para saber mais sobre esta e outras barragens, consulte o site da EDP.